Ano: 2010
Páginas: 128
Editora: 34
Idioma : Português
Encontrei "Felicidade Conjugal" na biblioteca do meu colégio há algumas semanas e o título do livro que mais parecia auto ajuda capturou minha atenção. Apesar de escutar muito sobre o autor e “Guerra e Paz” e “Anna Karenina” estarem na minha lista de futuras leituras há um bom tempo, nunca havia lido nada escrito por Tolstói.
O livro é narrado em primeira pessoa pela personagem principal, e foi publicado em 1859, quando o autor tinha pouco mais de trinta anos.
Dividido em duas partes, a narrativa inicia com Mária uma jovem de dezessete anos que mora com sua irmã mais nova Sônia; e Kátia, velha amiga da casa e governanta. Desde a morte recente da mãe, Mária vive triste, angustiada e desgostosa de viver. Até que Sierguiéi, amigo de seu falecido pai, tutor das meninas e administrador dos bens da família passa a visita-las com frequência. A partir daí o humor de Mária muda completamente, e ela se percebe apaixonada por Sierguiéi.
No decorrer das visitas ele evita transparecer a reciprocidade de seus sentimentos devido a grande diferença de idade. Mária era jovem e experimentava o amor pela primeira vez, ainda teria muito a viver; ao contrário dele que agora desejava apenas calma e descanso. Eles então se casam numa cerimônia simples e o encantamento e paixão de antes de casados aos poucos se transforma numa rotina monótona.
Se antes Mária era uma moça inocente e imatura, caseira, aqui ela passa a frequentar a sociedade, as festas e os bailes. E a cada dia mais seu casamento parece desmoronar, os diálogos do casal são doloridos e desencontrados.
Confesso que a primeira parte me deixou um tanto quanto confusa se havia gostado ou não, por um lado porque pelo que conhecia do autor suas obras estavam longe da ideia que o livro passa de início e me senti como se estivesse lendo um diário de uma garota apaixonada. Por outro lado, a escrita poética e o desenvolvimento do romance cativaram o meu eu romântico.
Mas é na segunda parte que Tolstói surpreende. A maneira como é construída a narrativa e a descrição dos sentimentos e pensamentos de Mária é impressionante pela riqueza de detalhes. Desde o conflito interno da personagem, e a necessidade de aprovação do marido, às divergências de opiniões entre os dois, tudo é muito bem escrito.
Temos um retrato muito realista das relações familiares da Rússia do século XIX, ao mesmo tempo que é um livro muito atual.
São pouquíssimas páginas de uma profundidade imensa. É uma obra que te faz refletir sobre a transição da paixão, a transformação do amor, sobre o que poderia ser a felicidade conjugal. Recomendo sem sombra de dúvidas! .
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